segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A influência dos partidos políticos nos movimentos estudantis brasileiros

A partidarização dos movimentos estudantis no Brasil é algo preocupante, talvez por esse motivo sempre houve repressão, brigas e cenas de guerra em movimentos que marcaram a nossa história.


Sou contra a partidarizaçao de movimentos estudantis, principalmente quando são influenciados por extremistas. Isso NUNCA da certo, a sociedade não poode ser extremista muito menos os movimentos que lutam por alguma causa.

Muitos negam essa interferência política nas universidades federais do Brasil, mas sempre onde tem confusão, tem o PCdoB, PCO, PT e outros partidos influenciando, financiando direta ou indiretamente as ações. São exisgentes, cobram dos manifestantes que criem o caos e é esssa a deoutrina extremista, criar o caos.


Vou colocar aqui algumas informações:

No blog - Chega de Mentira - É feito um relato sobre o movimento estudantil ocorrido na PUCRS

"PT e PSOL tentam articular golpe na PUCRS

Prezados colegas,
Nas últimas semanas houve uma tentativa de golpe por parte de um movimento financiado por PT e PSOL, na PUCRS. Utilizaram-se da boa vontade da PUC para fazer terrorismo, ameaçando a paralisação do vestibular e a exposição do nome da Instituição na mídia.


Vocês já pensaram de onde veio o dinheiro para a impressão de tantos folhetos que foram distribuídos, ao longo de duas semanas, sendo a maioria deles coloridos?? Acho que alguns gabinetes na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa estouraram suas cotas de cópias e impressões nestas últimas semanas. De onde veio o dinheiro para a confecção de adesivos?


O discurso do movimento é legítimo, e sempre disse isso para todos, mas acho uma pena que a grande maioria dos protestantes não sejam vinculados a PUC. Acho uma pena que isto tenha que partir de partidos políticos e de outras universidades. E acho uma pena que isso seja apenas um discurso para tentar articular um golpe. Sim colegas, o PT e o PSOL tentaram dar um golpe na PUCRS. " leia mais AQUI


Agora postarei uma tese  feita por Jordana de Souza Santos - Mestranda em Ciências Sociais pela Unesp/Marília

Ela faz um relato histórico sobre os movimentos estudantis e a influência dos partidos políticos nos mesmos.

 A influência e a atuação dos partidos políticos no movimento estudantil brasileiro e  as semelhanças dos movimentos sociais latino-americanos 

Este artigo pretende analisar a influência de dois  grupos políticos que tiveram  participação considerável nas ações do Movimento Estudantil (ME) da década de 1960.  Estes grupos são a Ação Popular (AP) e as Dissidências Estudantis Comunistas (DI-SP  e DI-GB, representantes do estado de São Paulo e da Guanabara, respectivamente). O  período a que nos referimos se inicia em 1964, ano do golpe militar, e termina em 1974 quando a maioria das organizações foi extinta ou caiu na clandestinidade. Para entendermos de que maneira se deu essa influência partidária no ME e em  suas entidades representativas foi necessário uma pesquisa documental no Centro de  Documentação da Unesp (CEDEM), no Arquivo Ana Lagoa (Ufscar) e no Arquivo  Edgar Leurenroth (AEL–Unicamp). A coleta de dados nestes arquivos foi de documentos dos partidos e organizações políticas da época e algumas resoluções, panfletos e jornais da UNE, do DCE-USP etc. Através da leitura dos documentos do ME, por exemplo, foi possível identificar as posições e idéias referentes a cada  organização comprovando assim, que os estudantes se norteavam pelos ideais políticos das organizações predominantes no ME. 
                                              
A escolha da AP e das dissidências pautou-se na representatividade que assumiam frente ao ME. A AP, desde a sua fundação,  foi predominante na UNE conquistando a presidência desta entidade por várias vezes consecutivas. As  Dissidências começaram a exercer maior influência no ME em torno de 1967.  

As disputas pela liderança da UNE entre a AP e as dissidências foi marcante  nesse período. A principal divergência entre as duas organizações era com relação à luta  específica e a luta geral contra a ditadura militar. Esta questão é fundamental para este trabalho, pois reflete exatamente o conflito entre  os ideais partidários e o  encaminhamento das ações estudantis. 
A AP teve uma trajetória que foi do cristianismo ao marxismo, do foquismo ao maoísmo. Fundada em 1962 por um grupo dissidente da Juventude Universitária  Católica (JUC), a AP assumiu uma postura mais radical que a sua precursora. A JUC foi  fundada em 1935 e seguia a linha de evangelização da sociedade e da juventude,  pregando também o não envolvimento nas lutas sociais. Muitos dos seus militantes  discordavam dessa linha de pensamento, pois não havia como atuar no ME sem se engajar na luta política. Cada vez mais a organização foi perdendo força dentro da UNE.

A AP representava uma nova organização de base cristã, porém mais aberta à militância  e a ideais revolucionários. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) era muito forte no ME e suas análises sobre a situação da classe operária, a necessidade da revolução comunista etc, eram acolhidas pelos estudantes e a  AP também propunha análises procurando contribuir para o processo revolucionário demarcando o papel dos estudantes.
A principal influência teórica da AP no início da sua formação foi o pensamento  do intelectual francês Jacques Maritain. Este pensador causou uma reviravolta na outrina católica ao afirmar que o cristianismo e a luta política eram indissociáveis para a construção da igualdade entre os homens. Emanuel  Mounier também influenciou teoricamente a AP ao tratar de temas referentes à classe operária e aos camponeses.
A AP acreditava que a revolução não seria imediata  e pregava assim, um esquema de preparação da revolução através da organização e conscientização da classe trabalhadora. Após o golpe militar, a AP assumiu-se como uma organização marxista e  concentrou suas ações e propostas na luta de todo povo contra a ditadura militar. O ME tinha um papel importante na condução da luta contra a ditadura. Conforme Martins Filho (1987, p. 60), “na visão da AP, o movimento estudantil deveria se engajar  diretamente nas lutas de todo o povo, das quais a reforma universitária seria mais uma conseqüência do que um fator de impulso”. Enquanto  a UNE teve a ideologia da AP como predominante participou ativamente das reivindicações populares e elaborou diversas teses sobre a influência do imperialismo norte-americano no Brasil.
A AP considerava o ME um movimento forte politicamente e de grande alcance popular. A própria AP não tinha muitos militantes entre os operários e camponeses, pois caracterizava-se como uma organização de origem pequeno-burguesa. Para alcançar as camadas populares a AP baseava-se na premissa maoísta da “integração no processo de produção” em que seus militantes eram mandados à fábrica, ao campo para trabalharem junto aos operários e camponeses e assim, se despir desse caráter pequeno-burguês além de conscientizarem os trabalhadores da emergência da revolução.
Em contrapartida ao emaranhado teórico em que nasceu a AP, as Dissidências Estudantis Comunistas se formaram depois das inúmeras cisões que atingiram o PCB. Tais cisões ocorreram devido à postura do PCB com relação ao golpe militar no qual o partido encontrava-se desorientado, sem explicação  sobre o porquê do golpe ter se concretizado. Havia também críticas a linha política seguida pelo Partidão que era a
mesma do Partido Comunista Soviético que pregava a  coexistência pacífica e o etapismo da revolução.
As Dissidências voltaram sua luta para as questões  da educação que sofria graves problemas como a diminuição de verbas para o ensino superior e a crise dos excedentes, entre outros. Para as Dissidências, na discussão sobre a política educacional do governo estava presente a discussão sobre a ditadura militar e o capitalismo brasileiro porque um era resultado do outro. Tanto a DI-SP quanto a DI-GB acusavam a AP de aparelhar as entidades estudantis, principalmente a UNE afastando assim os estudantes do ME. Para os ex-líderes estudantis José Dirceu e Vladimir Palmeira, a AP deixava as lutas estudantis em segundo plano e qualquer manifestação dos estudantes era pretexto para um discurso contra a Guerra do Vietnã e contra a ditadura (REIS FILHO, 1988).

No ano de 1968 as divergências entre os dois grupos se agravaram com o XXX Congresso da UNE. As chapas para a presidência da UNE eram encabeçadas pela AP e pelas Dissidências. Segundo José Dirceu, este congresso foi organizado pela União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) sem o apoio da AP que discordava quanto ao local (Ibiúna). (DIRCEU; PALMEIRA, 1998). Este evento terminou com a prisão de cerca de 800 pessoas e deu início ao processo de desarticulação e enfraquecimento do ME. Foi em 1968 também que ocorreram as principais manifestações estudantis no Brasil como a “Passeata dos cem mil” e a “Batalha da Rua Maria Antonia”. Neste último acontecimento os estudantes da Faculdade de  Filosofia da USP entraram em confronto com os alunos do Mackenzie. Os estudantes da USP foram amparados pela Aliança Libertadora Nacional (ALN) e os do Mackenzie pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC). 

Foi neste episódio que os estudantes entraram em contato com os ideais de luta armada. Com o fracasso do Congresso de Ibiúna, muitos estudantes passaram a integrar os quadros das organizações que seguiam o caminho da luta armada. A ALN agregou os militantes da DI-SP e a DI-GB tornou-se Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). A AP continuou seu percurso concentrada na preparação da guerrilha e aliou-se ao Partido Comunista do Brasil (PC do B) aderindo ao maoísmo.
 
No início dos anos 1970 o ME já havia perdido sua força enquanto movimento de contestação. O último presidente eleito para UNE foi Honestino Guimarães, perseguido e assassinado pela ditadura. Se anteriormente o clima dentro da UNE entre as organizações políticas predominantes era de disputa, no início da década de 1970 este traço já não era mais tão marcante. Como exposto acima, os estudantes que já militavam na AP e nas Dissidências continuaram em organizações armadas, preparando-se para a guerrilha. Somente em 1974 é que estes grupos políticos retornaram ao ME e conseguiram reorganizá-lo e trazê-lo de volta à ativa.
De certa forma, isto demonstra que embora houvesse  o aparelhamento das entidades estudantis pelos partidos, o ME manteve sua organização, suas reivindicações porque existia uma liderança maior que o impulsionava. No entanto, autores como João Roberto Martins Filho e Maria Cristina Hayashi, entre outros, afirmam que a disputa entre os partidos pela liderança do ME ajudou a enfraquecê-lo.
A partidarização do ME atual e algumas semelhanças  entre o ME latinoamericano Através das considerações acima é possível estabelecer uma relação entre o Movimento Estudantil dos anos 1960 e 1970 com a atualidade. No ano passado, 2007, a USP passou por uma ocupação que em todos os jornais e noticiários de televisão apareceu como um episódio relembrando os conflitos da Rua Maria Antonia de 1968. Quando ocorre greve de alunos das três maiores universidades paulistas (USP, Unesp e Unicamp) a principal discussão é que o ME é alvo dos partidos políticos e que age de acordo com ideais partidários. 

Esta discussão ganha respaldo porque a UNE é fortemente partidarizada. Neste artigo o debate sobre a influência partidária no ME brasileiro nos anos 1960 e 1970 tem o objetivo de revelar a atualidade desta proposta de trabalho. Quanto às semelhanças entre os movimentos estudantis latino-americanos percebemos que a Revolução Cubana ocorrida em 1959 era a grande inspiração. Países como Bolívia,
Argentina, Chile, México, Colômbia, Paraguai, Peru  e Uruguai vivenciaram um governo repressivo na década de 1960 e, conseqüentemente, os movimentos sociais nesses países foram perseguidos. 

Diferentemente do  Brasil os protestos de 1968 não foram tão expressivos no ME da América Latina. A luta guerrilheira e a realização da revolução eram os principais ideais dos movimentos  sociais latino americanos, inclusive do ME. Entretanto, podemos abordar as semelhanças do ME latino-americano
sobre outro ponto de vista. O ME na América Latina tem suas orientações demarcadas pela sua origem social e pelo papel que os estudantes desempenham na sociedade  (ALBUQUERQUE, 1977). Porém, uma problemática apontada pelo autor é quanto à autonomia do ME que talvez possa ser relacionada a  partidarização.

Uma questão importante sobre o ME na América Latina é sobre a posição que ele assume diante da sociedade. Por ser de origem pequeno-burguesa, o ME está preso às reivindicações da sua classe que tem ligações tanto com a classe dirigente quanto com a classe baixa. (FORACCHI, 1965). O ME não possui um modelo de ator social e assume orientações em função das reivindicações em nome de outros atores sociais como a classe operária, por exemplo. LEIA MAIS AQUI 


Se você chegou até aqui, obrigado!

Penso que enquanto esses partidos de extrema esquerda continuarem influenciando os Movimentos Estudantis pelo Brasil, nenhuma idéia será realmente debatida ou proposta, pois a intenção de extremistas não é o debate e sim o combate.

Encerro por aqui o assunto USP!


Rafael Guedes

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